Cuidados de ordem sanitária

Na operação poda, o podador tem de estar atento ao estado sanitário das videiras, pois os instrumentos usados (tesouras, serrotes, etc) são veículo próprio de transmissão de algumas doenças e pragas, e particularmente das conhecidas 'doenças do lenho'.

A facilidade de propagação de doenças por entrada nas feridas de poda, é mais grave nos cortes de lenha de dois ou mais anos, pois são maiores. Outro modo de propagação surge pela não destruição de varedo doente que se deixa permanecer na vinha, onde formas hibernantes são facilmente transportadas pelo vento. Entre essas doenças, e por ordem de importância no país, destacam-se a Escoriose, a Esca e a Eutipiose (fungo precursor do sindroma da esca). Mais recentemente, a doença da Flavescência Dourada tem crescido na região, pelo que a destruição da lenha de poda assume maior importância.

No Inverno, a Escoriose está na base das varas sob a forma de picnídios (pontuações negras) e nos olhos basais protegidos pelas escamas sob a forma de micélio. Daí a importância de não fazer podas muito curtas em videiras infectadas, na medida em que só se favoreceria a rebentação de olhos basais infectados.

Quanto à Esca, considerada doença de videiras mais velhas, hoje ocorre com frequência em videiras jovens, com 1 a 3 anos de enxertia, provocando a sua morte prematuramente. Tanto se apresenta numa forma lenta, tornando-se a circulação da seiva deficiente e o aparecimento dos sintomas típicos nas folhas por libertação de toxinas por parte dos fungos, quer numa forma rápida, apoplética, com a morte de videiras ou ramos, com uma sintomatologia que se confunde com a da podridão radicular.

Também a Necrose Bacteriana pode entrar por feridas de poda ou por contaminação direta dos olhos que recebem os choros resultantes das feridas de poda.

Outra preocupação, embora de ação mais limitada, é a Cochonilha Algodão, presente nos sarmentos que à poda devem ser eliminados, assim como se deve proceder à raspagem dos troncos, pois as formas hibernantes como ninfas ou fêmeas adultas escolhem também como abrigo a casca dos troncos.

De modo semelhante, os Ácaros Tetraniquídeos hibernam sob a forma de ovos sob o ritidoma dos troncos, nas varas em redor dos gomos, nas cicatrizes foliares e na base dos talões ou 'polegares', pelo que a lenha de poda deve ser igualmente destruída.

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