Poda
A necessidade da operação poda, reside na capacidade de frutificação da videira contida em olhos de rebentações novas, isto é, nascidos todos os anos, e que em função das condições de desenvolvimento anual, se diferenciam em gomos frutíferos em maior ou menor número.
Dado que a fertilidade de uma vara até certa medida é função do seu vigor, determinado pelo solo e casta, a intensidade de poda a praticar, isto é, o número de olhos deixados à poda depende assim essencialmente do vigor expresso levando a atribuir mais ou menos carga. É deste equilíbrio que se obtém uma produção regular, mantendo varas vigorosas e férteis na videira e garantindo-lhe maior longevidade.
Uma carga exageradamente alta, proporcionará uma produção abundante mas sem qualidade e um enfraquecimento generalizado da videira que a levará a um precoce envelhecimento. Por outro lado, uma carga demasiado baixa originará uma fraca produção, quer pelo excesso de rebentações de olhos dormentes inférteis (ramos ladrões) e de rebentações múltiplas, quer pelo excesso de vigor das varas de fruto, que pode vir a provocar desavinho e ensombramento da vegetação em geral.
Diversos estudos sobre cargas à poda, revelam que globalmente aumentos de carga provocam aumentos de rendimento, contudo, podem levar a uma diminuição da fertilidade dos olhos, do vigor (expresso em peso de lenha de poda) e do teor médio em álcool provável. Interessa fundamentalmente saber para cada situação (casta, sistema de condução) até onde se pode aumentar a carga sem afetar negativamente o equilíbrio vigor e qualidade dos mostos.
Em resultados obtidos na EVAG para duas castas brancas em cordões simples, a aplicação de dois níveis de carga (50.000 e 75.000 olhos/ha) revelou maior capacidade de resposta da casta Arinto ao aumento de carga do que do Loureiro, provavelmente pela maior produtividade desta casta. Assim, não é recomendável para a casta Loureiro conduzida em cordões simples exceder os 50 000 olhos/ha, enquanto na casta Arinto poder-se-á exceder este valor.
Outro aspeto importante é a distribuição da carga ao longo da cepa, e consequentemente dos futuros sarmentos. No sentido de ter sebes bem arejadas, não são aconselháveis mais de 15 sarmentos por metro linear de cordão.
A poda, para além de regularizar a produção e o vigor da videira, limita a sua expansão, confinando-a a um espaço compatível com o sistema cultural e retarda o seu envelhecimento.