Fichas Técnicas

Principais Castas Tintas

ALVARELHÃO (sin. BRANCELHO)

casta Alvarelhão

Casta antiga cultivada noutras regiões vitícolas como no Douro e Dão.

De pouca expansão na região, é cultivada particularmente na sub-região de Monção com o sinónimo de 'Brancelho' e no sul da região (Arouca) é conhecida por 'Pirruivo'.                          

Particularidades Ampelográficas:

Folha quinquelobada, orbicular, muito bolhosa, de perfil irregular fazendo ?funil? em torno do seio peciolar com os lobos revolutos.

Cachos frouxos, e cujos bagos por vezes à maturação mantêm um tom rosado.

 

Esquema da Folha, Cacho e Bago

 

Aptidão Cultural e Agronómica:

Abrolhamento: Médio, mais 8 dias do que o 'Castelão'

Floração: Precoce, mais 3 dias do que o 'Castelão'

Pintor: Médio, mais 8 dias do que o 'Castelão'

Maturação: Média

Casta vigorosa, com abundante rebentação de gomos dormentes. Com um índice de fertilidade médio, uma a duas inflorescências por ramo, dá cachos médios e frouxos o que a torna pouco a medianamente produtiva. É atreita ao desavinho, e sensível ao oídio, podridão dos cachos e cigarrinha verde.

Potencialidades Tecnológicas:

Produz mostos medianamente ricos em açúcares e de acidez elevada. Dá vinhos com alguma vivacidade, de cor rubi a rubi clara, com aroma delicado a casta e gosto harmonioso e saboroso.

Utilizada em vinhos tintos de lote, outrora conhecidos por 'palhetes' de Monção, e actualmente é explorada para a elaboração de vinhos rosados.

AMARAL

 

casta amaral

É uma das castas mais antigas da região, razão pela qual está na génese de muitas outras castas da região por cruzamentos naturais.

Predominantemente cultivada na zona sul (sub-região de Paiva), surge um pouco por toda a região com os sinónimos de 'Azal tinto' nos concelhos mais ao centro e norte, 'Cainho bravo' ou 'Cainho miúdo' em Monção e 'Cainzinho' em Arcos de Valdevez.          

Particularidades Ampelográficas:

Casta que revela grande polimorfismo ao nível da folha adulta: de inteira a mais recortada.


Esquema


Aptidão Cultural e Agronómica:

Abrolhamento: Médio, mais 10 dias do que o 'Castelão'

Floração: Precoce, mais 2 dias do que o 'Castelão'

Pintor: Tardio, mais 15 dias  do que o 'Castelão'

Maturação: Tardia

Casta rústica e de vigor médio. Com elevado índice de fertilidade, duas a três  inflorescências por ramo, dá contudo cachos pequenos o que a torna pouco produtiva.

Potencialidades Tecnológicas:

Produz vinhos de cor intensa, vermelho rubi, com aroma sem destaque a casta, encorpados e de gosto ligeiramente acídulo.

Utilizada em vinhos tintos de lote, contribuindo para a conservação dos mesmos.

BORRAÇAL

 

casta borraçal

Casta de grande expansão, sendo cultivada em toda a região, o que lhe garante elevado número de sinónimos, que se relacionam também com alguma inadaptação cultural da casta em determinados locais.

'Esfarrapa' em Viana do Castelo, 'Caninho Grosso' ou 'Cainho Grande' em Monção e 'Bogalhal' ou 'Olho de Sapo' em Basto.    


Particularidades Ampelográficas:

Folha adulta pentagonal, plana e seio peciolar de lobos completamente sobrepostos.

Cachos pequenos e normalmente alados, de bagos de tamanho não uniforme.


Esquema da Folha, Cacho e Bago


Aptidão Cultural e Agronómica:

Abrolhamento: Médio, mais 8 dias do que o 'Castelão'

Floração: Precoce, mais 1 dia do que o 'Castelão'

Pintor: Médio, mais 11 dias do que o 'Castelão'

Maturação: Média a Tardia

Casta muito rústica e vigorosa. Com um índice de fertilidade médio a alto, duas inflorescências por ramo, dá contudo cachos pequenos, o que a torna pouco produtiva. De produção irregular, dada a tendência para o desavinho e bagoinha. É sensível ao oídio e ao escaldão e muito sensível à podridão dos cachos.

Potencialidades Tecnológicas:

Produz mostos naturalmente ricos em ácido málico, o que se repercute na acidez total. Dá vinhos de cor vermelha rubi, com aroma a casta, e de gosto equilibrado e saboroso.

Utilizada em vinhos tintos de lote, contribuindo para a vivacidade do mesmo.

ESPADEIRO

 

casta espadeiro

         

Casta de certa expansão por toda a região, com muitos sinónimos aliados à pruína dos bagos e à pouca cor dos vinhos, tais como, 'Padeira' em Basto, 'Areal' em Amares e ainda por 'Cinza', 'Farinhoto', 'Nevoeiro' e 'Tinta dos Pobres'.

Particularidades Ampelográficas:

Rebentação e folha jovem bem carminadas.

Folha adulta glabra, verde-escura, de perfil irregular e ponto peciolar carminado.

Cachos compridos e bagos com muita pruína, parecendo ruços.

 

Esquema da Folha, Cacho e Bago

 

Aptidão Cultural e Agronómica:

Abrolhamento: Média, mais 10 dias do que o 'Castelão'

Floração: Precoce, mais 1 dia do que o 'Castelão'

Pintor: Tardia, mais 15 dias do que o 'Castelão'

Maturação: Tardia a Muito Tardia

Casta de ciclo longo, exigindo elevadas somas de calor efectivo para amadurecer. Com um índice de fertilidade médio, uma a duas inflorescências por ramo, dá cachos grandes e compridos, o que a torna muito produtiva.

Potencialidades Tecnológicas:

Produz mostos pouco ricos em açúcares e com muita acidez. Dá vinhos de cor rubi clara a rubi, de aroma e sabor à casta e gosto acídulo.

Utilizada em vinhos tintos de lote, é todavia explorada desde há longa data na região, para a produção de rosados estremes (Espadal), tradicionalmente vinificada pelo processo de 'bica aberta'.

PADEIRO

 

casta padeiro

                      

Casta de pouca expansão na região, sendo cultivada particularmente na sub-região de Basto, aparecendo também nas sub-regiões do Ave e do Cávado, tendo aqui como sinónimos 'Tinto Matias' e 'D. Pedro'.

Particularidades Ampelográficas:

Folha adulta grande, verde-claro, lisa, mole e quinquelobada.

Cachos grandes e frouxos.

 

Aptidão Cultural e Agronómica:

Abrolhamento: Média, mais 11 dias do que o 'Castelão'

Floração: Média, mais 4 dias do que o 'Castelão'

Pintor: Precoce a Média, mais 9 dias do que o 'Castelão'

Maturação: Média

Casta de vigor médio e pouco rústica. Com um índice de fertilidade médio, com uma a duas inflorescências por ramo, dá cachos grandes e frouxos, o que torna esta casta muito produtiva. Pouco sensível à podridão dos cachos mas sensível ao stress hídrico.

Potencialidades Tecnológicas:

Produz mostos naturalmente ricos em açúcares e pouco ácidos, dando vinhos de cor vermelha rubi a granada, de aroma e sabor à casta que lembram frutos vermelhos (morango e framboesa) e na boca revelam-se harmoniosos e saborosos.

Utilizada em vinhos tintos de lote e em rosados estremes.

PEDRAL

 

casta pedral

                      

Casta de pouca expansão na região, sendo recomendada particularmente na sub-região de Monção, onde tem como sinónimos 'Cainho dos Milagres' e 'Alvarinho tinto'.
Aparece esporadicamente noutras sub-regiões com outros nomes como 'Perna de Perdiz' em Ponte do Lima, 'Castelão' em Amarante e 'Pardal' em Castelo de Paiva.

Particularidades Ampelográficas:

Folha trilobada, verde-escura e seio peciolar com lobos sobrepostos fazendo um O.

Cachos alados, sendo às vezes duplos (como o Alvarinho).

 

Esquema da Folha, Cacho e Bago


Aptidão Cultural e Agronómica:

Abrolhamento: Precoce, mais 4 dias do que o 'Castelão'

Floração: Precoce, em simultâneo com o 'Castelão'

Pintor: Precoce a Média, mais 6 dias do que o 'Castelão'

Maturação: Precoce a Média

Casta muito vigorosa e pouco rústica. Com um índice de fertilidade médio a alto, com duas inflorescências por ramo, dá cachos médios e medianamente compactos o que a torna medianamente produtiva. De produção irregular por ser atreita ao desavinho.

Aptidão Cultural e Agronómica:

Produz mostos medianamente ricos em açúcares e com acidez. Dá vinhos de cor rubi clara a rubi (como o Espadeiro), harmoniosos e com aroma e sabor à casta.

Utilizada em vinhos tintos de lote, outrora conhecidos por 'palhetes' de Monção.

RABO DE ANHO

 

                      

Casta de muito pouca expansão na região, sendo cultivada particularmente na sub-região de Basto, onde consegue amadurecer, pois é uma casta de ciclo longo e de maturação muito tardia.

Conhecida regionalmente por 'Rabo de Ovelha', nome pelo qual é referida em muitas listas de castas.

Particularidades Ampelográficas:

Folha trilobada, com ondulação, bolhosa, de dentes muito baixos e seio peciolar com lobos sobrepostos fazendo um O.

Vara de entre-nós compridos.

 

Esquema da Folha, Cacho e Bago

 

Aptidão Cultural e Agronómica:

Abrolhamento: Tardio, mais 16 dias do que o 'Castelão'

Floração: Média, mais 4 dias do que o 'Castelão'

Pintor: Muito tardia, mais 23 dias do que o 'Castelão'

Maturação: Muito tardia

Casta muito vigorosa. Com um índice de fertilidade médio, uma a duas inflorescências por ramo, dá cachos grandes e medianamente compactos, o que a torna produtiva, embora de produção pouco regular.

Potencialidades Tecnológicas:

Produz mostos ricos em açúcares em determinados locais e muito ácidos. Dá vinhos de cor rubi, de aroma e sabor neutros.

Utilizada em vinhos tintos de lote.

VINHÃO

 

casta vinhao

       

Casta de grande expansão, sendo cultivada em toda a região pela sua qualidade, e dado ser uma casta com elevada matéria corante na película dos bagos, faz dela a casta portuguesa com maior capacidade tintureira, muito embora não deva ser classificada como casta tintureira.

Esta particularidade, permite-lhe ter o maior número de sinónimos: 'Tinta', 'Tinta Nacional' ou 'Tinto Antigo'; Negrão em Monção; 'Pinta Fêmea' em Melgaço; 'Espadeiro da Tinta' em Valença; 'Espadeiro Basto' nos Arcos de Valdevez e 'Vinhão de Tinta' em Basto.

              

Particularidades Ampelográficas:

Casta com algum polimorfismo ao nível da folha adulta: de inteira a mais recortada e de fraca a fortemente bolhosa, o que poderá estar relacionado com a diversidade de ecossistemas a que se foi adaptando.

Folha adulta de perfil em goteira sobre a nervura principal, fazendo um V.

 

Esquema da Folha, Cacho e Bago

 

Aptidão Cultural e Agronómica:

Abrolhamento: Tardio, mais 15 dias do que o 'Castelão'

Floração: Média, mais 6 dias do que o 'Castelão'

Pintor: Precoce a Média, mais 9 dias do que o 'Castelão'

Maturação: Média

Casta vigorosa e de produção regular. De ciclo curto, por ser tardia na rebentação, revela a importância da produção muito tarde. Com um índice de fertilidade elevado, duas inflorescências por ramo, dá cachos médios, o que a torna medianamente produtiva. É sensível aos ácaros, ao stress hídrico e ao escaldão.

Potencialidades Tecnológicas:

Produz mostos medianamente ricos em açúcares e com alguma acidez. Dá vinhos de cor intensa, vermelho granada, de aroma vinoso, onde se evidenciam os frutos silvestres (amora e framboesa) e gosto igualmente vinoso, encorpado e ligeiramente adstringente.

Muito utilizada em vinhos tintos de lote pela capacidade tintureira que possui, é actualmente vinificada estreme dando vinhos de qualidade.

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