Doenças

Escoriose - Phomopsis viticola

Trata-se de um fungo que surge com frequência nesta região pelas condições favoráveis ao seu desenvolvimento, com a presença de chuvas no momento da rebentação. A sua importância deve-se também ao facto da maioria das castas brancas regionais serem-lhe sensíveis, com especial destaque para o Loureiro, que em consequência disso, quebram os pâmpanos com muita facilidade por simples toque ou acção do vento; este acidente é conhecido por 'desnoca'. Nesta região predomina a 'escoriose americana' (Phomopsis viticola) enquanto noutras regiões do país domina a 'escoriose europeia' (Macrophoma flaccida).

Sanidade da Videira - Doenças - Ciclo biológico Escoriose da Videira

 

O fungo hiberna sob a forma de micélio nos gomos ou de picnídeos nos sarmentos, dando-se a sua maturação durante o Inverno, daí os esporos serem logo disseminados pelas chuvas com a rebentação infetando a vinha logo no estado de folhas saídas (D). As temperaturas primaveris de 15 a 18ºC e uma humectação de 7 a 10 horas consecutivas, são suficientes para a contaminação. Surge em manchas na vinha, quer pelo uso de varas infectadas na enxertia quer pela transmissão pelas tesouras de poda.

Os sintomas da escoriose são dos primeiros a revelar-se após a rebentação da vinha, e particularmente nas vinhas onde os típicos sintomas nos sarmentos foram detectados à poda. Todavia, pode haver infecção com ausência desse tipo de sintomas (picnídios), encontrando-se o fungo apenas na forma hibernante de micélio.

 

 

Órgão (estado fenológico)

Sintomas da Escoriose

Jovens pâmpanos (D)

 

Pâmpanos (E-F)

 

Necroses nos entrenós basais, com bordos violáceos, acompanhadas de fendilhamento (gretas) ou mesmo crostas castanho escuras que lembram uma 'tablete de chocolate'. Ausência de rebentação nos gomos basais dos sarmentos.

Estrangulamento da inserção do pâmpano com a unidade de poda  (Desnoca)

Folhas (E-F)

 

Pontuações necrosadas com halo amarelo. Manchas escuras nos pecíolos e nervuras, acompanhadas de deformação. Se intensos, podem levar à desfoliação das folhas da base.

Cachos (I)

Manchas escuras no pecíolo e ráquis, que podem levar a mau vingamento e dessecação do cacho.

Sarmentos (após atempamento)

Manchas esbranquiçadas com pontos pretos (picnídios) que se podem estender pelo sarmento todo.

A sintomatologia da escoriose nos vários órgãos, pode contudo confundir-se com a de outros parasitas, nomeadamente com a do cigarreiro Byctiscus betulae L. (gretas nos entrenós superiores do pâmpano); com a do ácaro Brevipalpus lewisi MG. (crostas mais abundantes na base dos pâmpanos, pedúnculo e ráquis); com a da podridão cinzenta Botrytis cinerea (cor branca dos sarmentos mas com manchas negras); com a do fungo Sphaeropsis malorum B. (só cor branca) e ainda com a da bactéria Xanthomonas ampelina P. (só gretas nos entrenós basais).

Os principais estragos causados por esta doença devem-se a quebras de produção, quer pela não rebentação de muitos olhos basais quer pela quebra de pâmpanos (desnoca) em pleno crescimento.

É essencial a luta cultural, pelo que à poda devem deixar-se apenas varas sãs, bem como escolhê-las igualmente sãs para a realização da enxertia; proceder à queima de varas infetadas após a poda e levar à prática uma poda longa para ter rebentações garantidas em olhos não basais, quando na presença de videiras bastante atacadas.

Na luta química é fundamental realizar 2 tratamentos, quando 40% dos olhos estão no estado D e outro a 40% do estado E, para produtos só de contacto. Em alternativa, pode-se aplicar um só tratamento recorrendo ao uso de um fungicida também de ação sistémica, tipo fosetil de alumínio mais um de contacto, quando 40% dos olhos se encontrarem no estado D.

 

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