O fenómeno da supremacia dos brancos é mesmo uma realidade bem recente. Ainda até meados da década de 1990, o encepamento de castas tintas era de tal forma predominante que quando a adega Provam, em Monção, lançou o primeiro alvarinho engarrafado, em 1994, até o rótulo destacava tratar-se de 'Vinho Branco'.
Tudo mudou muito rapidamente, sobretudo depois dos apoios dos fundos europeus para a reconversão para a monocultura da vinha e engarrafamento. Com isso, implantaram-se as castas brancas e a vinha generalizou-se como actividade produtiva, fazendo quase desaparecer as latadas de enforcado e os seus vinhos até aí sobretudo destinados ao autoconsumo.
Mas não desapareceu a produção de tintos, que em muitos casos se tornaram até bem mais procurados e valorizados como vinhos de nicho, fundamentalmente os da casta vinhão. Os tintos de zonas como Gatão, em Amarante, Cavez, nas Terras de Basto, Arcos de Valdevez ou Ponte da Barca, têm hoje muita procura e estão bem valorizados.
Com outras castas, como as tradicionais de Monção e Melgaço, outras técnicas e enologia moderna, assiste-se hoje a um ressurgir dos tintos de qualidade, que remetem para os tempos de glória dos tintos da região. Produtores como Anselmo Mendes, Aphros, Zafirah, 100Igual ou Casa do Valle atraem hoje a atenção de sommeliers e da mais atenta crítica internacional.
Notícia completa Revista Singular, do Público: https://www.publico.pt/2021/12/07/edicoes-publico/perguntaserespostas/consultorio-vinhos-verdes-sao-so-brancos-1986233