Formas tradicionais de bordadura
- Ramadas
As ramadas ou latadas consistem, em termos gerais, em estruturas horizontais ou inclinadas, de ferro ou de madeira e arame, assentes sobre esteios, geralmente de granito.
Se bem que esta forma de condução, pelos custos de instalação e manutenção que apresenta, não seja atualmente recomendável para vinhas de dimensão, em determinadas situações, será uma forma a considerar, proporcionando bons níveis de produção. Em parcelas de áreas extremamente reduzidas, na bordadura do terreno (mesmo de vinha contínua) e ainda para aproveitar espaços improdutivos, como caminhos, largos, logradouros, tanques e fontes. Em qualquer das situações deve-se considerar:
- Utilizar uma só linha de postes para suporte
- Altura inferior a 2,0 m, para facilitar as operações de poda e vindima
- Bancada ligeiramente inclinada para melhor exposição das uvas ao sol
- Espaçamento entre videiras nunca inferior a 1,30 m.
- Bardos altos
Os bardos altos (uma modernização dos tradicionais arejões) podem, como as ramadas, ocupar a bordadura do terreno (mesmo de vinha contínua), de forma a explorar integralmente a área da parcela.
Com uma estrutura assente em esteios de granito ou cimento de 3,0m de altura e de 3 a 4 níveis de arames, onde as videiras são conduzidas em poda de vara corrida ou com empa tipo Guyot duplo. Não são tão produtivas quanto as ramadas e as operações de poda e vindima são mais onerosas.
Formas contínuas mais antigas
Distinguem-se cordões duplos (divisão da cepa em dois cordões) dos simples (não divisão da cepa: cordão único), podendo os cordões sobrepostos ou paralelos (cruzeta) ser formados por cordões duplos ou simples. Por exemplo, o Cordão Sobreposto, pode ser formado por cordões simples ou duplos.
- Cruzeta (Cordão Simples Retombante) / GDC (Cordão Duplo Retombante)
Cruzeta foi o nome dado à forma de condução, que nesta região usou de uma armação em cruz para suporte e disciplina dos cordões, então designados festões. Associada a uma poda de vara e talão, é formada por sebes de vegetação retombantes e paralelas, asseguradas por cordões simples oriundos de grupos de 4 videiras plantadas junto a cada cruzeta. A altura dos cordões varia de 1,70-1,80 m do solo e o afastamento entre si de cerca de 2,00 m, afastamento este que corresponde ao dos 2 arames que correm paralelos entre as extremidades das cruzetas. Para colmatar o inconveniente de plantar as videiras em grupo, é possível obter esta condução separando as videiras ao longo da linha mas passando de cordões simples a duplos, isto é, dividindo uma videira isolada em dois cordões que seguem em paralelo nos arames em sentido contrário. Trata-se do conhecido GDC "Genéve Double Cordon" de Itália, de poda e vindima totalmente mecanizada. Dada a mais baixa densidade de plantação deste sistema, a mais tardia entrada em produção (altura do tronco) e os elevados custos de instalação (armação), é uma forma que apenas deverá ser utilizada em terrenos mais férteis, que favoreçam o vigor da videira.
- Cordão Sobreposto Retombante (duplo ou simples) - CSOB
Forma vulgarmente conhecida por Cordão Sobreposto, surge para colmatar a menor densidade de plantação e de planos de vegetação (e consequentemente de produção) do Cordão Simples, pela sobreposição na vertical de duas sebes de vegetação totalmente retombantes. Na origem das duas sebes sobrepostas poderão estar cordões simples ou duplos que correm alternadamente em dois níveis de arames, separados de 0,80-1,00 m. A altura dos dois níveis de arames varia entre 1,00-1,20 m no inferior e entre 2,00-2,20 m no superior. Forma associada a uma poda mista de vara e talão. Nesta forma de condução, e pelo facto de ter duas sebes sobrepostas, verifica-se frequentemente o efeito do ensombramento da sebe superior sobre a inferior, prejudicando a maturação e a sanidade das uvas, situação mais agravada quando a separação das duas sebes não é conseguida pela ausência de intervenções em verde, ou pelo baixo afastamento entre as duas sebes.
- Cordão Simples Retombante - CSR
Forma vulgarmente conhecido por Cordão Simples, surge como uma alternativa mais económica à Cruzeta: custos de armação mais baixos e entrada em produção mais cedo. Formada por cordões simples, inicialmente com a plantação de 2 videiras juntas e posteriormente isoladas, de altura de 1,70-1,80 m e só com um arame único para suporte do cordão que garante uma vegetação totalmente retombante. Forma associada a uma poda mista de vara e talão. Apesar de ter custos de instalação mais baixos, o facto de possuir uma sebe única e apenas retombante, requer intervenções em verde atempadamente ('pentear' da vegetação); por outro lado, o facto de ter apenas um fio de arame ficando a vegetação livre, em zonas ventosas há o perigo de haver uma quebra significativa de sarmentos o que afecta a produção final. Ainda pelo facto de ter a vegetação totalmente retombante, há sempre uma percentagem de cachos demasiado encobertos mais sujeitos à podridão, e por outro lado, uma percentagem de cachos excessivamente expostos, que em certas situações estão sujeitos ao escaldão.
Formas contínuas mais recentes
- Cordão Simples Ascendente e Retombante - CAR
Forma erradamente conhecida por Sylvoz, pois inicialmente esta condução esteve associada a uma poda tipo Sylvoz (varas longas empadas a um nível inferior ao do cordão). A repartição da sebe única do cordão simples retombante em duas direcções opostas, foi conseguida pelo abaixamento do nível do cordão para valores da ordem de 1,20-1,35 m e pela introdução de mais dois níveis de arame superiormente ao nível do cordão, separados aproximadamente de 0,40 m. Forma associada a uma poda mista de vara e talão, inclui três fiadas de arames, sendo os responsáveis pelo suporte da vegetação ascendente mais recentemente constituídos por fiadas duplas. Quando associado a uma poda mais longa e empada (tipo Sylvoz) dá produções ao nível das dos cordões de duas sebes, muito embora este tipo de poda seja mais cara pelo maior consumo em mão-de-obra. Este sistema surge com o objectivo de tirar partido do maior vigor conseguido pelas varas de crescimento ascendente, garantindo maior fertilidade e a poda do ano seguinte; também diminuiu a sensibilidade à podridão dos cachos frequente no CSR e aumentou a superfície foliar exposta com ganhos na aquisição de açúcares.
- Cordão Simples Ascendente - CSA
Forma erradamente conhecida por Cazenave, pois inicialmente esta condução esteve associada ao tipo de poda Cazenave (varas atadas a um arame superior com uma inclinação de 45º e talões). A altura do cordão ao solo varia entre os 1,10-1,20 m e admite 2 a 3 fiadas de arame acima do cordão para suporte da vegetação, que nesta região não deve ter valores nunca inferiores a 1,00 m de altura. Recentemente usam-se arames duplos, pelo menos nas duas fiadas acima do cordão, ou a colocação de uma fiada móvel, que ao longo do crescimento muda de posição. Forma associada a uma poda mista de vara e talão. Esta condução de vegetação totalmente ascendente, foi assumida mais recentemente na região e para determinadas situações, pois o maior vigor induzido às varas que crescem para cima não combina de todo com vigor típico das castas e condições regionais. É uma alternativa para as situações de vinhas em meia encosta, em terrenos mais secos que imprimam reduzido vigor à videira. Por outro lado, é das formas mais adaptáveis à mecanização das operações de poda e vindima.
- Cordão Sobreposto Ascendente e Retombante (duplo) - LYS
Tipo de cordão mais recente na região, tendo tido como precursor o CAR. Uma videira divide-se em dois cordões que são orientados em sentidos opostos e a níveis diferentes, sendo o do nível superior responsável pela vegetação ascendente e o do nível inferior pela retombante, ficando separados por cerca de 0,35-0,40 m, o que cria uma abertura no sistema ('janela'). A sobreposição de sebes ascendente com retombante é sempre de videiras distintas, a retombante de uma tem sobreposta a ascendente da videira seguinte. A altura ao solo do 1º arame é aproximadamente de 1,10 m e do 2º arame de 1,45 m (0,35 m de 'janela'), distando deste a 1ª posição do arame duplo de 0,25 m, e a 2ª posição de outros 0,25 m e finalmente o último arame a cerca de 0,35 m da 2ª posição do arame duplo. Forma associada a poda mista de vara e talão mas poderá sê-lo do tipo Guyot para determinadas castas. Este sistema tem revelado boas produções desde o início e com níveis elevados em açúcares, bem como bom estado sanitário das uvas.